Discernimento e Planejamento Existêncial | PARTE III |

 

Karma, Destino e Livre-Arbítrio

 

Este importante tema está mais amplamente desenvolvido no livro de nossa autoria A Tradição-Sabedoria; Uma Introdução à Filosofia Esotérica, também da Editora Teosófica, onde se encontra uma profunda citação da Dra. Annie Besant, que numa paráfrase invertida parece fazer referência àquela citação de Sêneca mencionada no início, como segue:

 

“A ação vigorosa é sempre sábia. Não importa se ela parece não resolver, vocês terão diminuído o peso contra vocês. Cada esforço tem seu pleno resultado, e quão mais sábios vocês forem, melhor vocês podem pensar, desejar e agir. [Estes três verbos, em linguagem astrológica, correspondem respectivamente ao signo solar, também chamado de signo do mês; ao signo lunar, também chamado de signo do dia; e ao signo ascendente, também chamado de signo da hora de nascimento. R.L.]. Se vocês olharem o karma dessa maneira, ele nunca os paralisará, mas sempre os inspirará. [Eu particularmente me filio àquela escola de pensamento astrológico que diz – Astra inclinant non necessitant – Os Astros inclinam, mas não determinam. A autora está aqui a dizer que as pessoas têm uma visão determinista, de que já “estava escrito” nas estrelas, “Mactub”, que o destino é imutável, inexorável, acabam paralisadas por essa concepção. R.L. Ao contrário ela insiste:] ‘Mas’, dirão vocês, ‘há certas coisas, apesar de tudo, nas quais o destino é mais forte do que eu’. Vocês podem, algumas vezes, enganar o destino, quando não podem enfrentá-lo face a face. Quando navegando com ventos contrários, o navegante não pode mudar o vento, mas pode mudar a direção das velas. A direção do navio depende da relação das velas com o vento, e, por meio de um bordejo cuidadoso, pode-se quase que navegar contra um vento adverso, e com um pequeno trabalho a mais chegar ao porto desejado. [Ou seja, aqui a autora está respondendo à questão de Sêneca de que se a pessoa, ao contrário, sabe a que porto ela deseja chegar, ela poderá, dentro de certos limites, modificar o destino ou karma maduro. Talvez essa seja a maior motivação da vida, ou seja, aprender com a experiência, talvez por isso o espírito vem à matéria, porque na mera abstração do plano mental seja indistinguível se uma coisa é uma necessidade real ou uma fantasia, talvez somente através da experiência isso possa ser descoberto.


Talvez se possa até dizer que esta é a necessidade da encarnação, senão nós poderíamos apenas ficar com os anjinhos tocando liras nos céus e lendo livros de filosofia, mas isso não é suficiente para desenvolver a sabedoria. R.L.. Ela prossegue dizendo:] Isto é uma parábola a respeito do karma. Se você não pode mudar sua sorte, mude a si mesmo, e encontre-a num ângulo diferente, você irá deslizando com sucesso onde o fracasso parecia inevitável. [Então, ela cita o Bhagavad Gita II – 50:] ‘Yoga é habilidade na ação’, e esta é uma maneira pela qual o homem sábio governa seus astros ao invés de ser governado por eles. [Este é o princípio fundamental do livre arbítrio na Astrologia, mas ele depende de quanto o indivíduo conquistou a sabedoria. R.L.] Nas coisas que são realmente inevitáveis, e nas quais você não pode mudar sua atitude, permaneça firme. Elas são muito poucas. Quando houver um destino tão poderoso que você possa apenas curvar-se ante ele, mesmo então aprenda com ele, e daquele destino você colherá uma flor de sabedoria que talvez uma sina mais feliz não o permitiria colher. E assim, em todas as ocasiões, nós descobrimos que podemos colher a flor da vitória.”¹¹

 

Astrologia e o Karma Maduro

 

Também dizia C.W. Leadbeater: “É provável que, na maioria dos casos, a maneira e o momento exato da morte não sejam fixados antes nem no momento do nascimento. Os astrólogos dizem que, em muitos casos, não podem prever a morte. Eles mencionam que em certas épocas as influências maléficas são fortes, e que a pessoa poderá morrer, mas, se não morrer, sua vida continuará até outra ocasião em que os aspectos malignos novamente a ameaçarão e assim por diante”¹², e a Dra. Annie Besant complementa: “… o karma maduro … pode ser decifrado no horóscopo por um astrólogo competente.”¹³ Evidentemente, aprender a ler “a linguagem de Deus através das estrelas” pela Astrologia está mais ao alcance de todos, para conhecer o karma, do que desenvolver a clarividência, embora seja sempre conveniente salientar que pela Astrologia não se pode conhecer todo o karma do indivíduo, mas somente aquela fração chamada do karma maduro ou prarabdha karma.


Além da ajuda da Astrologia, através desse exercício de Planejamento Existencial, feito repetida ou reiteradamente, a mente vai-se tornando cada vez mais lúcida e descobrindo quais são suas verdadeiras motivações esta vida, quais são seus mais profundos objetivos e ideais ou, como preferem outros, qual seria a missão do indivíduo nesta encarnação. Como resultado, tendo coragem de vivê-los, ele terá uma vida mais profunda, mais intensa e mais feliz. Porque cada um vem a este mundo, segundo a configuração do mapa astral de nascimento, para descobrir alguma coisa, para aprender uma lição específica, ou talvez várias, mas também específicas para aquele estágio de desenvolvimento daquele indivíduo, resultante do que a própria pessoa semeou, como diz São Paulo: “Tudo que o homem semear; isso também ele colherá.”¹⁴ E assim, ao fazer as escolhas conscientemente, pode-se reduzir muito sofrimento. 


A intenção do exercício é trazer as hipóteses que as pessoas já têm no inconsciente, pois elas não poderiam se desiludir se elas não tivessem fantasias ou ilusões previamente. Elas não poderiam se frustrar se não tivessem antes expectativas, só que essas expectativas podem ter sido inconscientes. E trazendo assim, pela prática deste exercício, estas expectativas ou hipóteses inconscientes ao plano da consciência, pode-se encurtar o caminho de um eventual sofrimento.


Assim também dizia a minha querida professora Emma Costet de Mascheville, conforme consta na contracapa do seu livro Luz e Sombra, cuja leitura recomendo aos interessados em Astrologia: ”Através do estudo da Astrologia, aprendemos a não culpar, mas a compreender, a não ser infelizes ou revoltados mas a conhecer a nós mesmos e ao nosso próximo, encontrando a harmonia da vida e religando-nos à fonte da luz.” E também considerei no seu respectivo prefácio: “ As dificuldades do cálculo astronômico sempre tornaram a verdadeira ciência milenar da Astrologia inacessível ao grande público, mas a era da informática vencerá este obstáculo, facilitando o estudo de mapas astrais individuais e produzindo evidências em um volume estatisticamente irrefutável. Desta forma, obrigará a ciência contemporânea a adequar seus paradigmas pelo peso dos fatos, dignando-se a investigar imparcialmente a Astrologia. Como respondeu Sir Isaac Newton ao descobridor do Cometa de Halley, que questionava as bases da Astrologia: ‘Senhor, eu a tenho estudado, o senhor não!’


“Uma enorme transformação ocorrerá em nosso mundo quando, pela pressão das evidências, a humanidade compreender que o destino, ou o karma maduro, existem e podem ser lidos pelos ângulos dos Astros no céu, e que o Universo é ordenado e não um mero fruto caótico do acaso, e que há um profundo significado pedagógico em tudo que nos acontece, porque é o efeito de nossos pensamentos, ações e desejos do passado.”¹⁵


Notas de Rodapé:

11 – LINDEMANN, R. & OLIVEIRA, P. A Tradição-Sabedoria; Uma Introdução à

Filosofia Esotérica. Brasília: Ed. Teosófica, 2003. p. 94-5.

12 – LEADBEATER, C.W. A Vida Interna. Brasília, Ed. Teosófica, 1996. p. 328.

13 – BESANT, Annie. A Sabedoria Antiga. Rio de Janeiro, Record,1977. p. 196.

14 – A BÍBLIA de Jerusalém, op. cit.., p. 2195. (Gálatas 6:7)

15 – MASCHEVILLE, E. C. Luz e Sombra; Elementos Básicos de Astrologia. Brasília: Ed. Teosófica, 1997. p. 8.

1 comentário em “Discernimento e Planejamento Existêncial | PARTE III |”

  1. Maria Helena

    Parabéns pelo trabalho, muito obrigado por ajudar pessoas a saírem da ignorância espiritual. Só assim, encontraremos o amor e a paz!

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